Paranjana para a posteridade

Fonte: O POVO Online/OPOVO/Fortaleza

O Blog Parajana, escrito assim mesmo, como se fala por aí, discute problemas do transporte coletivo da Capital e relembra causos das antigas linhas Paranjana 1 e 2, que a partir deste mês deram lugar a cinco novas linhas

A linha Paranjana era conhecida pela superlotação nos veículos (RAFAEL CAVALCANTE) História de Paranjana ninguém sabe ao certo se aconteceu de vera, mas repete aos quatro ventos por empatia, galhofa ou os dois. A piada não fica velha porque Paranjana é sinônimo do melhor e do pior no transporte público de Fortaleza. Nisso apostam os idealizadores do blog Parajana (sic), onde poemas, tributos e listas de frases e histórias perpetuam a lenda.

O jornalista Vanderlúcio Souza, 30, e o administrador de empresas Tobias Cortez, 28, são o cobrador e o motorista, respectivamente. Tocam o projeto virtual desde setembro de 2009, quando ainda dependiam da locomoção “paranjânica”. Mas o salto nos acessos só veio depois de anunciado o fim da linha e do bafafá provocado pelos cearenses no microblog Twitter.


Parajana, grafado sem o “n” do som nasalado, como se fala por aí, nasceu para fazer eco das piadas e das histórias cotidianas vividas pelos passageiros da linha. A partir da greve dos ônibus de 2010, as postagens assumiram tons de criticidade: acompanharam o movimento e repassaram informações de serviço ao usuário. Deixou de ser piada pura, passou a tentar ajudar na solução dos problemas.

“O que acontecia no Paranjana, acontece hoje ainda. Mas o nome Paranjana já caiu no imaginário popular cearense, por isso não envelhece”, considera Tobias Cortez. “Virou sinônimo já. De precariedade, de lotação e de histórias pitorescas do transporte coletivo”, arremata Vanderlúcio Souza.

Nessa toada, os blogueiros abrem canal para denúncias no site e, por fora, devem procurar parcerias com a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) para servirem como mediadores das informações de serviço sobre os coletivos da Capital.

Melhorias

Usuários das cinco linhas substitutas dos Paranjana 1 e 2 avaliam que a melhora não é generalizada, mas existe. Reduções no tempo de espera e na quantidade de pessoas por veículo são pontos positivos, mas em apenas alguns trechos.

A estudante Carolina Varela, 22, mora perto do viaduto da avenida Oliveira Paiva e estuda na Universidade Estadual do Ceará (Uece), localizada na avenida Dedé Brasil. Vê melhora na lotação do 041 - Parangaba/Oliveira Paiva/Papicu e do 040 - Antônio Bezerra/Lagoa/Unifor.

Conforme avaliação do chefe da Divisão de Operações da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Raimundo Rodrigues, é visível a melhoria do serviço prestado. Ele informa que, desde o fim do Paranjana, no dia 10 de janeiro, a Etufor faz ajustes. “É mais fácil identificar os problemas agora que a linha foi quebrada, e podemos analisar caso a caso”, informa.

Exemplo de melhoria acontecida depois de implantado o novo sistema de itinerários é o incremento na frota. Eram 67 veículos antes da mudança. A nova frota passou a ser de 73 veículos. E, a partir das observações feitas depois do dia 10, a Etufor constatou necessidade para quatro ônibus mais. Hoje, 77 coletivos fazem as cinco linhas substitutas.